domingo, 30 de novembro de 2014

Quando a banda decide enrolar os fãs


Como em toda profissão, um músico também é amarrado à um contrato de trabalho. O contrato artístico no meio musical é o que segura o músico e o mantém "empregado", mesmo se houver algumas divergências entre as partes envolvidas no contrato, o que acontece muito entre membros de uma banda. Nisso tudo, o artista tem que lidar com o contrato, com a gravadora, assessoria, empresário e muito outros fatores fundamentais. Isso acaba gerando muita burocracia e que na maioria das vezes afeta a base principal que sustenta todo o negócio, os fãs.

Quando a coisa começa a desandar, e chega um ponto que tudo está dando errado, onde o trabalho não está mais fluindo, é hora de parar no meio do caminho. É nesse momento que o artista tem que segurar as pontas e até mesmo inventar algumas mentirinhas para manter tudo em ordem. Mas e quando essas "mentirinhas" não colam? Tanto por parte do próprio artista quanto por parte da assessoria, é de responsabilidade deles em esclarecer as coisas e não deixar que a bomba exploda nas mãos dos fãs, principalmente os fãs de metal, que são os mais exigentes.

Quando acontece um contratempo, como a demissão de um músico, o encerramento das atividades de uma banda ou até mesmo a demora em lançar um disco inédito, os fãs começam a cobrar por aquilo que eles querem, e é aí que o teatro começa. Alguns artistas, por parte de sua assessoria ou outros meios de divulgação, insistem em inventar histórias para ludibriar o fãs afim de deixar os mesmos com algum pingo de esperança até chegar o dia em que tudo vem a tona. Na gíria popular, eles preferem "enrolar" os fãs ao invés de revelarem toda a verdade. Isso faz com que a banda ou artista seja menosprezado e criticado pelo seu trabalho.

Tudo porque o contrato ainda não terminou ou tal acordo obriga que eles fiquem de bico fechado. Fazendo com que os fãs criem falsas expectativas, o que é uma grande falta de respeito. Eu como um fã, citarei a seguir dois momentos evidentes que presenciei e que foram destaque esta semana. Isso prova que você não precisa esperar por um anúncio oficial para perceber que o circo foi desmontado.

Saída de Aquiles Priester do ANGRA:

Em 2008 o Angra passou por uma grande turbulência com mudança de empresário e brigas dentro da banda. Como resultado, alguém teve que sair. Sobrou então para o baterista Aquiles Priester, que apesar de ter sido consagrado no grupo, teve que deixar a banda depois de muito atrito com o guitarrista Rafael Bittencourt. Neste período, o Angra estava dando um tempo nas atividades, o que deixou bem claro que algo não estava legal. Algumas entrevistas realizadas pelos músicos provavam isso, mas eles simplesmente diziam a mesma coisa, "estamos apenas dando um tempo".

No final de 2008, em um de seus vários Workshop´s pelo país, Aquiles esteve no Mato Grosso do Sul para mais uma maratona, em uma cidade muito próxima a minha, claro que não deixei de prestigiar. Aquiles já estava passando por um momento conturbado dentro da banda, mas ele tinha que "fingir" que tudo estava bem. A forte ligação que um artista tem com uma fã está acima de tudo, mas até que o contrato fale mais alto. Entre algumas pausas de uma música para a outra, o baterista responde perguntas dos fãs, como sempre fez. Um fã presente, fez uma pergunta em relação a outro tema, mas dentro da pergunta a frase "você saiu do Angra" foi entoada. Mesmo que o fã pudesse terminar sua pergunta, Aquiles o interrompeu alegando: "Eu não saí do Angra" (risadinha). Isso fez com que o fã fosse vaiado pelo público presente. Mesmo sabendo que ele estava certo.

Isso não foi muito longe, até ser anunciado que Aquiles Priester viria a deixar o Angra no ano seguinte.

Fim do SHAMAN:

O Shaman realmente acabou? Sim acabou! Mas esta notícia não havia sido confirmada quando o NOTURNALL surgiu? Isso já estava sendo discutido muito antes. Com a saída de Aquiles Priester do Angra, o baterista Ricardo Confessori decidiu se juntar a banda novamente, mesmo trabalhando no então novo álbum do Shaman, "Origins". Com isso, alguns fãs chegaram a especular se seria uma boa idéia o músico permanecer em duas bandas tão importantes com agendas cheias.

Isso prejudicaria uma das duas bandas, provavelmente a que tivesse "menos valor". Obviamente o Shaman não iria longe. A banda já estava respirando com ajudar de aparelhos, mesmo com um novo álbum lançado. O tempo passava e Confessori ficava mais ocupado com o Angra, foi aí que os outros membros do Shaman em um clima de "abandono" decidiram chutar o balde e formarem outra banda. Praticamente um Shaman com outro baterista. E quem era este baterista? Sim, Aquiles Priester.

Com o decorrer das atividades da nova banda, ficou aquela dúvida no ar. Será que o Shaman ainda existe? Mesmo com todas as provas juntadas, como aquela palhaçada sobre um suposto novo clipe do Shaman, que mais tarde seria adaptado para o Noturnall? Ou sobre o nome do novo álbum do Shaman, que por uma incrível coincidência, se chamaria "Nocturnal", que teve até o encarte do disco revelado? Maiores detalhes podem ser conferidos no link abaixo:

Shaman acabou e virou Noturnall?

 Mas agora vem a cereja do bolo. Mesmo com todas esses evidências, alguém ligado a assessoria do Shaman postou uma resposta alegando que a banda não acabou e que ainda lançaria o novo disco no final de 2013. Aparentemente Confessori estava muito focado no Angra, e não estava tendo tempo para lidar com os trabalhos no Shaman. Mas os fãs queriam algum tipo de consideração a respeito do futuro do Shaman. Algo que não veio nem por parte do próprio detentor dos direitos da banda, Ricardo Confessori. E recentemente, após pouco mais de um ano, o baixista Fernando Quesada oficializou o fim do Shaman. Confirmando o óbvio ao dizer que a banda foi um momento importante mas que não voltaria mais.

Por essas e outras que uma banda se torna uma piada e entra em descrédito com boa parte dos fãs. Através de boatos e falta de informação por parte da assessoria, muita das vezes o músico ou uma banda acaba tendo que pagar por isso.

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