quinta-feira, 10 de abril de 2014
Porque os músicos se suicidam mais?
Antes de Kurt Cobain ter sido encontrado morto há 20 anos em sua casa em Seattle, houve vários indícios sobre o suicídio do vocalista do NIRVANA: o fascínio por suicídio, transtorno bipolar e dependência de drogas.
Durante uma turnê em 1991, ele admitiu ter usado heroína para afastar os pensamentos suicidas: "Esta é a única coisa que está me salvando de estourar os meus miolos agora".
Mas a sua profissão como músico também teria sido um fator de risco?
É claro que em algumas profissões artísticas o risco de suicídio é maior - incluindo escritores, atores e pintores.
A taxa de suicídio de músicos é cerca de três vezes maior que a média, de acordo com Steve Stack, diretor do Center for Suicide Research e professor da Universidade Estadual de Wayne, cuja pesquisa sobre profissionais e suicídio é a mais abrangente até hoje, cobrindo uma período de oito anos de certidões de óbito de profissionais da área artística.
Esta estatística alarmante mede o suicídio entre todas as pessoas que estão vivas, incluindo os mais jovens, cujo risco de suicídio é baixo.
Mas se você medir entre as 2.000.000 pessoas que morrem por ano nos Estados Unidos, os músicos parecem ser um pouco mais propensos a cometerem suicídio. O percentual de suicídios entre os que morreram é de 1,5%. O número de músicos é de 2,1%.
De qualquer maneira se você analisar o caso, Stack diz, "existe um risco elevado para os músicos".
O caso de Cobain, no entanto, parece ser uma representação clássica de lutas que afetam desproporcionalmente os artistas:
"Existe definitivamente uma ligação entre criatividade e doença mental", disse Christine Moutier, diretor e médico da Fundação Americana de Prevenção ao Suicídio. Mais de 90% das pessoas que cometem suicídio tinha uma doença mental, seja ela ativa, tratada ou não diagnosticada", disse Moutier.
"Muitos artistas e pessoas cometem suicídio por causa da personalidade, como o perfeccionismo. Caminhos comuns no cérebro levam as pessoas a terem mais criatividade e disposição, adotando padrões de comportamento anormais", disse Moutier.
Familiares deste tipo de pessoa conseguem perceber as mudanças no comportamento de seus entes queridos, como o uso de substâncias e até mesmo alterações no sono.
Enquanto na vida real - onde há perdas, eventos inesperados, estresse - isso pode ser letal para aqueles que têm acesso a meios de suicídio: uma ponte por exemplo, ou remédios suficientes em embalagens fáceis de abrir, ou, como no caso de Cobain, uma arma.
"E a vida real para um artista pode ser especialmente difícil", ressalta Stack.
"(Eu) desenvolvi uma nova explicação para o suicídio de artistas, baseado no mercado de trabalho que eles atuam", disse ele. "Como um grupo profissional, os artistas são mais propensos do que outras pessoas, ao sentirem na pele as tensões do mercado de trabalho. Essas tensões incluem o desemprego, o subemprego, a dependência do cliente (em procurar shows/contratos), trabalhar direto e com uma baixa renda. Alguns realizam trabalhos braçais no dia e mostram a sua arte à noite".
Combinado com as taxas mais elevadas de transtornos mentais, como depressão maníaca e transtorno bipolar, as vidas de artistas são muitas vezes voláteis.
"Isso não quer dizer que você deve reprimir sua criatividade, mas eu acho que o apoio da família é importante", disse Moutier.
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