Os verdadeiros pais do heavy metal não precisam se defender. Enquanto seu colega de longa data, Ozzy Osbourne vive no centro das atenções do público, Tony Iommi se mantem bastante privado. Ele prefere deixar que seu repertório fale por sí próprio: BLACK SABBATH, seus discos solo e o HEAVEN AND HELL com o baixista Geezer Butler, o baterista Vinnie Appice e Ronnie James Dio (RIP).
Então, sem enrolação, iremos discutir Tony Iommi e "aqueles" registros do Black Sabbath. Vocês devem saber quais. Nós estamos falando sobre os álbuns de meados dos anos 80 e 90 onde o capitão do Good Ship Black Sabbath levou o legado de Birmingham em seus próprios ombros de couro preto com franjas.
Na maioria das casos, os fãs do Black Sabbath traçam uma linha entre o "Sabotage" de 1975 como o último álbum que realmente importava na história da primeira e sem dúvida a maior banda de heavy metal. Os próximos dois registros apresentavam Ozzy Osbourne nos vocais: "Technical Ecstasy" (1976) e "Never Say Die!" (1978), que são universalmente considerados pequenos trabalhos de Osbourne. Enquanto eles estavam musicalmente ambiciosos, experimentando arranjos e sintetizadores, estavam sobrecarregados pelo som de uma banda que estava dividida e perdendo o interesse.
No entanto, quando o então vocalista Ronnie James Dio se juntou à banda e gravou "Heaven & Hell" de 1980 e "Mob Rules" de 1981, o Sabbath forjou o que conhecemos de metal moderno. Era um goleador que estava regando as primeiras sementes de um heavy metal mais veloz com faixas como "Neon Nights e a faixa-título "Mob Rules". Mais uma vez, definindo um gênero.
Para a próxima década Tony Iommi continuou com um elenco de membros da banda, liberando mais oito álbuns. Muitos deles foram mal recebidos pela crítica, ignorado pelos fãs e lamentavelmente pouco promovido pelas gravadoras desinteressadas. Enquanto alguns deles mereceram o seu fracasso comercial e selvageria da crítica, alguns renderam momentos que se classificam entre os melhores do Sabbath.
O GRANDE
Merecidamente, Ian Gillan à frente de "Born Again", recebeu grande respeito após os dois primeiros alguns pós-Ronnie. Abrindo com "Trashed", com uma pequena pegada hard rock, (e também a única música do Sabbath que fala sobre bebida) este pareceu ter combinado. O CANNIBAL CORPSE fez uma cover para "Zero the Hero". Slash admitiu abertamente ter se inspirado nos riffs de "Zero" para "Paradise City". Lars Ulrich definiu como "um dos melhores álbuns do Black Sabbath". Gillan berra muito em "Disturbing the Priests" da mesma forma enlouquecedora que Ozzy fez nos álbuns anteriores.
A turnê nos EUA que o Sabbath lançou para apoiar "Born Again" inspirou "Stonehenge" do SPINAL TAP. Em vários cenas de filmagens nota-se monumentos de argila e anões. Sem brincadeiras. O registro é bom o suficiente para fazer você esquecer as notórias referências da cultura pop.
O BOM
Agora em 1986 com "Seventh Star", não sendo um álbum muito bom do Black Sabbath, foi considerado "sonolento" na discografria da banda: em pleno anos 80 o disco parecia ser um álbum de Gary Moore do que qualquer coisa que Iommi já havia feito. "Heart Like a Wheel" é uma montanha-russa com vários solos de Iommi, enquanto "Turn to Stone" lembra mais o RAINBOW. "Danger Zone" ainda toca na AOR (Album-oriented rock). Curiosamente, "Seventh Star" começou por ser um álbum solo de Tony Iommi mas só se tornou um álbum oficial do Sabbath quando o então empresário e pai de Sharon Osborne, Don Arden, lembrou Iommi de suas obrigações contratuais com a Warner Bros: o álbum então apareceu sob a bandeira da "Black Sabbath Featuring Tony Iommi".
Outro ex-DEEP PURPLE, Glen Hughes, assume os vocais, fazendo um bom trabalho no álbum, mas criando muita confusão em vários shows ao vivo que realizou sobre a influência de drogas e álcool. Por sua própria admissão, ele foi "o pior vocalista do Sabbath". Curiosamente, Hughes voltou a trabalhar com Iommi no estúdio enquanto ele estava procurando um vocalista para seu segundo álbum solo em 2006, "Fused".
"The Shining", principal faixa do álbum de 1987, "The Eternal Idol", está entre os melhores momentos da era pós-Ozzy. O álbum é crucial, mais sombrio e mais tradicional do que o "Seventh Star", fez sentido para Iommi em segurar o manto do Sabbath novamente. Também marca a estréia do vocalista Tony "The Cat" Martin que se tornaria o vocalista que mais tempo permaneceu na banda. Para Iommi, que tinha escrito o álbum com o então vocalista (e futuro frontman do BADLANDS) Ray Gillen, que decidiu sair no início das gravações para formar o BLUE MURDER com John Sykes, "The Eternal Idol" é a prova da perseverança diante da frustração.
Tem um registro que deveria ter sido colocado lá em cima entre os melhores: "Headless Cross" de 1989. É o primeiro da improvável união da banda com a I.R.S. Records, e a segunda a apresentar Tony Martin nos vocais, que você provavelmente irá dizer que ele não fez o mesmo como em "The Eternal Idol". Martin realmente lembra muito Dio neste álbum. "Headless Cross" remete aos riffs da época de "Devil and Daughter" e "Black Moon". O próximo álbum "Nightwing" é o herdeiro espiritual de "Children of the Sea", só que mais pesado. De Cozy Powell na bateria até o eterno colaborador Geoff Nicholls nos teclados, todos estão reunidos neste disco.
Reunidos com Dio e o gêmeo de bigode Geezer Butler, "Dehumanizer" de 1992 foi um tiro no braço de Iommi. Tudo que era bom em "Mob Rules" se destacou nete line-up. Dio ainda soa um pouco mais ousado aqui do que em seu trabalho anterior no Sabbath, com a ótima "I" e a surpreendentemente "After All". Há ainda uma tentativa bem sucedida para recuperar a energia de "Neon Nights" em "TV Crimes". Na verdade, parte do material de "Dehumanizer" foi destaque nos shows ao vivo, quando Dio, Iommi, Geezer e o baterista Vinnie Appice realizariam anos mais tarde o que seria chamado de "Heaven and Hell". Isto poderia ter sido realmente uma pontuação fenomenal e um novo capítulo sobre o legado pós-Ozzy com exceção de um triste episódio onde Dio se recusou a abrir para Ozzy em 1992, quando o Black Sabbath se apresentou ao lado de Ozzy em Mesa Costa na turnê "No More Tours". "Desculpe, eu sou muito mais do que isso", disse Dio na época. Rob Halford entrou em cena naquela noite e fez o seu melhor para manter o legado do Sabbath.
OS ANOS NEGROS
Nem todo o catálogo do Black Sabbath agradou os céticos. Até o álbum ao vivo da reunião com Ozzy, (que rendeu duas músicas inéditas: "Psycho Man" e "Stealing My Soul) os anos 90 foram uma era de dança das cadeiras e retornos decrescentes. Vamos chamá-los de anos negros de Iommi e companhia. Com exceção da música "Jerusalem", do "Tyr" (1990), mais banal com os vocais de Tony Martin começando a ficar um pouco desconfortáveis. "Cross Purposes" de 1994 (esquecido) muito esquecido e ultrapassado (além do título confuso), Cross Purposes Live (absolutamente desnecessário). Não se pode vencer todas.
Em seguida, houve um último (e colossal) deslize: "Forbidden" de 1995. É também o último álbum que se pode chamar de Black Sabbath. Apesar de não se comparar com o monólito contemporâneo conhecido como "Lulu" do METALLICA, mas isso nao vem ao caso. O sinal mais revelador (e chocante) deste acidente, e praticamente um álbum desperdiçado, vem nos créditos da produção: produzido por Body Count, Ernie "C" Cunningham. Esqueça a abertura de "The Illusion of Power", apesar do ótimo groove de Cozy Powell, compartilhando os mesmos pensamentos de Martin, que eram contra gravar um disco de "rap", com a participação de Ice-T.
Como havia dito Martin: "Nós estávamos prestes a criar um álbum do 'Rap Sabbath'. Então fiquei sabendo que o rapper Ice-T ia participar, mas eles não podiam ou não queriam me dizer se ele faria todo o álbum ou apenas uma faixa. Eu ainda não sabia de nada até estar no estúdio gravando as faixas. Eles disseram que iam trazê-lo e ver o que ele queria fazer. Por isso tive um mal presentimento sobre isso".
Muito boa a matéria. Acho que poderia ser reescrita com o contexto musical de cada época específica do lançamento dos álbuns. Mas está de parabéns pelo blog.
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